Este fruto gordo faz parte de um conjunto de alimentos que inexplicavelmente sempre inspiraram em nós uma tendência para os destruirmos nutricionalmente. Assim, quando se pensa nas formas de consumo de amêndoa no nosso país, somos mais facilmente transportados para as amêndoas de Páscoa cobertas com açúcar, chocolate ou ambos, tal como para tartes de amêndoa ou para os bolinhos de massapão.
Que atire a primeira pedra quem não se delicie com estes exemplos, mas o certo é que é raríssimo que o consumo de amêndoa se faça em natureza e com pele (já vamos perceber porquê), resistindo à tentação de a misturar com açúcar. Estas misturas e adições fazem ainda menos sentido quando partimos do pressuposto de que as amêndoas são de si já bastante calóricas devido à gordura que representa mais de metade da sua composição nutricional.
Se esta situação não difere substancialmente de outros frutos gordos, a amêndoa – quando consumida com pele – é a campeã da fibra, algo que juntamente com o seu grande teor de proteína a torna num bom aperitivo pré-refeição naqueles dias em que o nosso apetite parece indomável. Mas a importância da pele da amêndoa não se esgota na quantidade de fibra que lhe acrescenta. Esta pequena-grande diferença no seu consumo faz com que o teor de compostos fenólicos da amêndoa com pele seja cinco vezes superior à da sua versão pelada. Estes compostos fenólicos juntamente com a sua enorme quantidade de vitamina E fazem da amêndoa um alimento bem cotado quanto ao seu potencial antioxidante com evidência comprovada na diminuição da oxidação do “mau” colesterol, fenómeno que anda sempre de mãos dadas com a aterosclerose.
Assim, no caso da amêndoa quanto menos mexermos melhor. É só tentar não estragar as vantagens que ela nos dá.
*Professor Assistente Convidado da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
[Público Life&Style.]
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